domingo, 25 de setembro de 2005

Relação Espírito:Matéria. A Evolução Espiritual. Boletim GEAE 07, 24/11/1992


A palavra "Espírito" tem sido mal empregada em nosso meio. Geralmente ela é definida como sendo "alma do outro mundo" ou "algo que não existe em nosso meio". As denominações da palavra em si não são importantes, porém a forma com que se coloca o conceito de espírito em relação ao nosso meio deve ser reavaliada pelo leigo.

O termo espírito ainda assusta muita gente; mas à medida que o tempo passa, com a luz do conhecimento e da razão, ele vai sendo aceito naturalmente como outro qualquer, assim como, outras palavras definidas pelo espiritismo, tais como reencarnação, obsessão, na próxima vida, etc.
Sabendo que o espírito é eterno e a matéria perecível, podemos melhor definir o ser humano como uma pessoa encarnada, ou melhor, espírito encarnado (vivendo temporariamente num corpo físico, ou carne) ou como espírito desencarnado (vivendo sem a presença de um corpo físico e no plano espiritual).

Isso coloca todos nós no mesmo plano, ou seja, agora somos pessoas encarnadas vivendo nessa fase da vida, e no futuro, seremos os mesmos, porém desencarnados, vivendo em um outro lugar e seremos chamados de espíritos. Nesse contexto, não tem sentido se imaginar que seremos muito diferentes do que somos agora após a nosso desencarne.

Junto com esses conceitos surge o processo denominado de reencarnação, significando que um mesmo espírito pode nascer num determinado tempo na Terra ou em outro planeta (encarnação), morrer (desencarnação) e voltar novamente a nascer no futuro em um outro corpo físico.

Há uma frase bastante conhecida dos espíritas gravada no dólmen de Allan Kardec no cemitério Père Lachaise em Paris e que define bem o processo da reencarnação: "Nascer, viver e morrer. Renascer de novo, progredindo sempre, tal é a lei".

Toda essa filosofia de vida, chamada Doutrina dos Espíritos, ou Doutrina Espírita ou Espiritismo, está assentada em uma base sólida, pois foi revelada por muitos espíritos desencarnados e que Allan Kardec teve o cuidado de analisar seriamente com muita responsabilidade e apresentá-la ao mundo através das obras básicas conhecidas de Codificação Espírita.

O processo da revelação espiritual continua constantemente e no Brasil, somente o médium conhecidíssimo, Chico Xavier, colocou à disposição da humanidade, centenas de livros espíritas, muitos deles em várias línguas e novos conhecimentos surgem a cada instante.

O processo da reencarnação é muito complexo e é a chave para o entendimento de tudo que está ao nosso redor. Por enquanto, vamos analisar apenas o processo da Evolução Espiritual.

Como estamos envolvidos no processo reencarnatório, por longo tempo, é lógico raciocinar que cada indivíduo se encontra em determinado nível de evolução espiritual, pois a cada reencarnação, há diferenças acentuadas de evolução de um para outro.

Às vezes a evolução é tão pequena que ele fica praticamente estacionado no mesmo ponto. Outras, a reencarnação é altamente positiva e se consegue subir vários degraus na escada evolutiva, rumo à felicidade eterna, porém nunca o espírito retrocede, pois o simples fato de adquirir um corpo físico, já o coloca em uma condição que o permite evoluir, pois a matéria é árdua para o espírito.

De modo geral, a evolução espiritual, apresenta duas variáveis, compreendendo as evoluções moral e intelectual que juntas constituem a evolução total do espírito.

A parte intelectual se desenvolve basicamente através do estudo, leituras, observações, maturidade, experiências, etc.
A evolução moral, porém, é a parte mais difícil do homem. Os sinais de pouca evolução moral estão ligados aos sentimentos negativos do ser humano, tais como: ódio, vingança, orgulho, vaidade, hipocrisia e muitos outros. Ao contrário, pode-se perceber alto grau evolutivo moral naqueles que norteiam as suas vidas pelos sentimentos de grandeza, tais como: amor, bondade, dedicação ao trabalho honesto, respeito ao próximo, respeito a natureza e principalmente, a humildade, entre vários outros. Podemos resumir tudo na mensagem deixada por Jesus Cristo:"Amai uns aos outros como eu vos amei".

As duas integrantes do desenvolvimento espiritual, não necessariamente caminham juntas, especialmente em mundos menos evoluídos como a Terra, pois vemos com freqüência sentimentos negativos predominarem sobre os de grandeza. O nível evolutivo depende da quantidade e da "força" com que esses sentimentos estão ligados na pessoa.

Não se pode dizer por aí em que ponto de evolução espiritual cada um se encontra, mas é possível fazermos uma auto-avaliação sentindo a que ponto estamos e quanto ainda deveremos crescer. Muitas pessoas que se julgam ter grande desenvolvimento intelectual e que muitas vezes estão num baixo nível moral, ficarão extremamente decepcionadas no futuro, ao ver seu semelhante, a quem ele não dava a mínima importância, estar em uma condição muito superior a sua.

Um simples trabalhador, sem estudo, pode ser uma pessoa de alto nível evolutivo moral e que certamente, em outra condição e de uma maneira bem mais fácil e mais rápida, desenvolverá a sua parte intelectual.

A evolução exige, portanto, que o espírito desenvolva as duas variáveis e não obstante vemos exemplos de vida, em pessoas com uma espantosa capacidade intelectual associada a sua grandeza de humildade.

A evolução não é privilégio de ninguém, nem de espíritas ou de qualquer outro grupo, é uma lei natural. Encontraremos pessoas com diferentes graus de evolução em qualquer parte do globo terrestre e em qualquer época, independentemente do seu modo de vida. O que se pode observar, todavia, são afinidades espirituais em função de se encontrar em níveis evolutivos próximos.

A condição de uma pessoa ser espírita, ou desenvolver qualquer outra forma de vida, não implica em ser mais ou menos evoluída que outra, porém o simples fato de se romper preconceitos e se procurar novos valores racionalmente já demonstra, via de regra, um avanço em qualquer atividade.

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