domingo, 18 de dezembro de 2005

Ciência e Religião


A vida e a morte são fatos puramente reais. A existência da morte implicando num ponto obscuro sobre a curta trajetória do homem na Terra, o coloca em rumo ao desconhecido e não há como fugir da curiosidade sobre o que existe após a morte, especialmente pelo medo que ela impõe.
As dificuldades vividas pelo homem dia a dia e o sofrimento causado pelo corpo físico, através das doenças, fome, etc. também o levam quase que inevitavelmente à busca do conhecimento do outro lado da morte.
A vida simplesmente abre um vasto caminho para a religiosidade com base em diferentes pontos de vista sobre a continuidade ou não da vida após a morte. Na sociedade humana despontam sempre líderes em todas as áreas. Na religiosa, basta um líder espiritual lançar novas idéias ou conceitos e muito provavelmente surge uma nova forma de religião ou seita.
Para haver crescimento de algo, o conceito organização é primordial e as religiões tornam-se instituições organizadas de variadas formas como são as instituições políticas, culturais, cientificas, etc.
Uma Organização constituída implica em regras que devem ser cumpridas pelos seus membros seguindo certa hierarquia. Dificuldade de se manter regras estáveis, principalmente no campo da religião, promove dissidências de condutas e com elas formam-se novos grupos ou religiões.
Na área do espiritualismo também não poderia ser diferente. O espiritismo, umbanda, cultos africanos, seitas asiáticas, etc. são também exemplos do mesmo processo.
No processo de formação religiosa, há também a desagregação e o desaparecimento de religiões. O que leva uma religião ser superior à outra em número de adeptos? Dentre as inúmeras religiões e seitas qual a melhor a ser seguida? Qual a religião do futuro no planeta Terra?
Ao lado das religiões encontra-se a ciência especulativa e comprobatória que procura o conhecimento de tudo através experiências práticas. Um fato teórico, para ser aceito pela ciência, necessita de comprovação científica, com metodologia que possa ser repetida com o mesmo resultado obtido em qualquer lugar do mundo desde que satisfaça às condições experimentais.
O avanço tecnológico dia a dia coloca o homem mais perto do conhecimento real de muitos conceitos religiosos, tais como a origem da vida e do homem na Terra, a existência de vida em outros planetas, a existência da alma ou espírito, entre outros.
Quais as implicações disso nas religiões? Aliás, cabe ressaltar, que as religiões têm influenciado no próprio desenvolvimento científico nessa área e conhecimentos científicos contrários aos religiosos foram fortemente reprimidos no passado, como no caso de Galileu e outros; e hoje?
O homem está em evolução constante e assim todo o planeta. A evolução é variável em cada região, grupo e tempo. Como isso é um processo natural, as religiões como organizações de pessoas em evolução, também devem acompanhar a evolução de seus adeptos, caso contrário não poderão sobreviver. Para isso, elas necessitam fazer adaptações à medida que o tempo avança. A velocidade e os tipos de adaptações que se processam são proporcionais ao grau evolutivo de seus adeptos. Quanto maior, mais rápidas ocorrem.
No catolicismo, por exemplo, durante a idade média era comum a prática da "venda de um pedaço do céu" pela Igreja como indulgências dos pecados. Havia penas físicas violentas para aqueles que eram contrários aos seus ensinamentos e condenados pela inquisição. Imperava o poder da Igreja sobre o Estado. O medo da condenação ao inferno após a morte foi o suficiente para manter esse sistema por longo tempo.
Hoje a Igreja em si lamenta esse passado, embora ainda existam pessoas que compartilham com essa prerrogativa. Atualmente, o nível evolutivo espiritual da sociedade é muito maior e essas condutas são coisas do passado, porém a religião católica é a mesma em seus princípios.
Adaptações podem ser ressaltadas e constantemente novas condutas são adotadas. Há pouco tempo atrás, havia a obrigatoriedade dos fiéis irem à missa pelo menos uma vez por semana. Caso isso não se realizasse, seria necessário a confissão secreta desse ato considerado como pecado. As confissões eram também extremamente necessárias e os sacerdotes passavam longas orações conforme a gravidade que consideravam dos pecados. As festas religiosas, procissões, novenas, etc. faziam parte da nossa vida. Isso tudo era passado de pai para filho, de geração em geração, como tradições familiares e as crianças eram quase que obrigadas a participar desse sistema.
Mas, em pouco tempo, isso praticamente desapareceu. Hoje em dia as recomendações da Igreja são completamente diferentes. As confissões, já em massa e não mais individuais, são comuns. Há forte referência a uma auto-avaliação pessoal e os padres são mais aconselhadores ou lideres comunitários importantes. Não há mais um caráter punitivo e sim a melhora íntima, sem tanta interferência sobre o indivíduo como antigamente. As missas são mais participativas e agradáveis e os sermões mais curtos e objetivos.
Assim, várias novas adaptações surgem constantemente. Algumas tradições são mais difíceis de serem modificadas. Mas adaptação é uma necessidade vital, ou muitos adeptos procurarão outras religiões ou filosofias de vida, ou mesmo a descrença total, conforme o seu próprio grau evolutivo.
Ninguém pode negar que a ciência tende a exercer forte papel na conduta religiosa do planeta com o avançar dos tempos. A evolução espiritual das pessoas que estão reencarnando na Terra exige um novo padrão filosófico de vida. Nesse padrão, certamente inclui a liberdade de pensamento, o poder da razão, o amor ao próximo e a natureza, entre outros.
O espiritismo necessita também evoluir como tudo. Mas como está baseado na prática das observações do mundo real, nos planos terreno e espiritual e suas relações, coloca o homem no conhecimento de fatos que encontraremos além da morte, mantendo-se à frente da ciência que, pela comprovação científica de suas informações, fortalece a base da doutrina espírita.
O espiritismo não é uma religião propriamente dita conforme os padrões religiosos existentes. O trabalho na seara espírita tem caráter voluntário. Não depende de nenhuma instituição, pois o indivíduo o faz por achar que é importante para si e mesmo o estudo individual, sem pertencer a grupo nenhum, é muito produtivo. Quando um indivíduo atinge um nível de limiar de compreensão, basta apenas colocá-lo no caminho da verdade e deixar o resto por sua própria vontade e razão.
Mas como caráter de ligação do Homem com o plano Espiritual, ou com Deus, mantendo a postura no cominho do bem comum com a máxima da fraternidade universal, o espiritismo é, perfeitamente, uma religião. A evolução espiritual com base nas características morais é muito enfatizada.
O espiritismo é também ciência. As qualidades definidas da relação espírito:matéria faz da ciência uma área efetiva de importância fundamental na criação e desenvolvimento de todas as coisas. O Homem deve tirar proveito disso em benefício da vida e da harmonia universal.
Na busca incessante do conhecimento da vida e do universo com uso da razão, procurando viver melhor a cada dia, o espiritismo é também uma filosofia que põe o Homem à caminho da Verdade pela sabedoria.
Certa vez, um espírito de luz indagado sobre qual a melhor religião a ser seguida, simplesmente respondeu: "aquela que te coloca no caminho do bem". Isso mostra que cada um deverá caminhar conforme sua necessidade evolutiva. O caminho do bem é o caminho da verdade e o melhor a ser seguido. Encontrar esse caminho é o grande desafio, tendo em vista as inúmeras ramificações que existem em torno dele.

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