domingo, 25 de dezembro de 2005

Credo do Espiritismo


Crer em um Deus todo-poderoso, soberanamente justo e bom;
crer na alma e na sua imortalidade;
na preexistência da alma como justificativa da presente existência;
na pluralidade das existências como meio de expiação, reparação e adiantamento intelectual e moral;
na perfectibilidade dos seres mais imperfeitos;
na felicidade crescente com a perfeição;
na remuneração eqüitativa do bem e do mal, segundo o princípio: a cada um segundo suas obras;
na igualdade da justiça para todos, sem exceções, favores e nem privilégios para criatura alguma;
na duração da expiação limitada a da imperfeição;
no livre-arbítrio do homem deixando-lhe a escolha entre o bem e o mal;
crer na continuidade das relações entre o mundo visível e o mundo invisível;
na solidariedade que liga todos os entes passados, presentes e futuros, encarnados e desencarnados;
considerar a vida terrestre como transitória e uma das fases da vida do Espírito, que é eterna;
aceitar corajosamente as provas, visto ser o futuro mais desejável que o presente;
praticar a caridade por pensamentos, palavras e obras, na mais ampla acepção do vocábulo;
esforçar-se cada dia por ser melhor do que na véspera, extirpando da alma alguma imperfeição;
submeter todas as suas crenças sinceras, por mais irracionais que nos pareçam, e não violentar a consciência de ninguém;
ver, enfim, nas descobertas da Ciência, a revelação das leis da Natureza, que são as leis de Deus:
eis o Credo, a religião do Espiritismo, religião que pode conciliar-se com todos os cultos, isto é, com todas as maneiras de adorar a Deus.
Esse é o laço que deve unir todos os espíritas numa santa comunhão de pensamentos, enquanto se espera que ele ligue todos os homens sob a bandeira da fraternidade universal.
Com a fraternidade, filha da caridade, os homens viverão em paz e se pouparão aos males incalculáveis que nascem da discórdia, filha por seu turno do orgulho, do egoísmo, da ambição, do ciúme e de todas as imperfeições da Humanidade.
O Espiritismo dá aos homens tudo de que eles necessitam para sua felicidade aqui na Terra, porque lhes ensina a se contentarem com o que tenham.
Sejam os espíritas os primeiros a se aproveitarem dos benefícios que ele traz e inaugurem entre si o reino da harmonia que resplandecerá nas gerações futuras.

-------------------
Fonte: É o Espiritismo uma religião? - Allan Kardec- Reformador 94 (1764), março 1976 p. 78-82. (Traduzido da "Revue Spirite", dez/1868, p.353-362, por Ismael Gomes Braga. Transcrito do "Reformador" de out/1949).


Ressaltamos que deveremos ter a acuidade para interpretar corretamente o que significa "se contentar com o que se tem". Não se trata simplesmente de nos acomodarmos com as injustiças, os males gerais, as péssimas condições de vida, etc., pois se assim agirmos estaremos sendo estacionários na escala evolutiva.
Isso significa sim, que devemos ter consciência dos nossos erros, da nossa imperfeição e levantarmos a cabeça, seguindo em frente contra toda e qualquer dificuldade, visto ser o futuro mais promissor do que o passado, de acordo com o que fizermos agora e não ficar se lamentando por não possuir, no momento, tudo aquilo que desejamos.
O importante é aceitar com afinco todas as provas e observar no sofrimento um estímulo ao trabalho que necessita ser realizado, ou seja: "aceitar corajosamente as provas, visto ser o futuro mais desejável que o presente". Muitos acusam o espiritismo da prática do comodismo. Mas são acusações daqueles que desconhecem os seus reais princípios e, provavelmente, estão estagnados na escalada eterna. Enfim, não esqueçamos: "esforçar-se a cada dia por ser melhor do que na véspera, extirpando da alma alguma imperfeição".

Nenhum comentário: