segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

João e Maria: além da ficção na música de Chico Buarque



Parte I - Diferenças Espirituais
João e Maria viviam num mundo muito difícil, cheio de conflitos.
Era o planeta Sibis SK8, localizado numa galáxia muito distante e próximo a uma imensa estrela. A população era pequena e se caracterizava por ser um planeta de baixa evolução espiritual.
Guerras eram inevitáveis nas disputas de poder.
João era uma pessoa boa e aparentemente feia.
Trabalhava incessantemente na esperança de dias melhores. Muito sofrimento.
Risos e deboches à parte, ele lutava contra preconceitos, passando pela humilhação e a dor.
Enfrentava pessoas grotescas, servindo-as com dedicação e sorrisos.
Imaginava o planeta florido onde as pessoas viviam alegres em ambiente de amizade.
Mas, alguns diziam que ele era um fracassado, um visionário e não servia para nada.
A bondade imperava em seu coração e a todos dedicava a sua vida com amor e sacrifício. A prática da caridade era constante e um prazer infinito.
João não admitia o uso de arma alguma e vivia com amor, alegria e simplicidade. Gostava de poesia, música e amava a natureza.
Lentamente, o mundo foi se transformando. As pessoas passaram a admirá-lo e a depender de seu trabalho no conforto e amparo ao sofrimento.
João se tornou um exemplo de vida e os conflitos diminuíram.
Maria tinha uma vida diferente. Era bonita e boa pessoa. Sua vida, porém, era cheia de aventuras, ambições, momentos alegres e esbanjava conforto material.
Vivia rodeada por muita gente, festas e sorrisos, mas sentia também o peso da solidão. Faltavam-lhe amizades verdadeiras.
Sonhava com dias melhores e ansiava viver feliz com um homem amado.
João conheceu Maria, porém os olhares se dispersaram no tempo, pois as diferenças entre eles eram visíveis. Mas, aquele olhar meigo de Maria tocou profundamente o coração de João.
O tempo passava...


“ Agora eu era o herói
E o meu cavalo só falava inglês
A noiva do cowboy era você além das outras três
Eu enfrentava os batalhões, os alemães e seus canhões
Guadava o meu bodoque e ensaiava o rock para as matinês...”


Parte II - Momentos Felizes
João e Maria morreram como era o destino de todo mundo no planeta iluminado pela luz da estrela mãe. Mas o espírito não morre; é eterno e os dois seguiam a vida por caminhos diferentes.
Ele havia evoluído rapidamente com os méritos do trabalho dedicado no caminho do bem comum.
Distribuía amor e bondade e gerava ambiente de amizades, alegres e felizes onde quer que estivesse. Entretanto, seu coração estava solitário.
A visão de Maria não saia de sua mente.
Queria sentir o amor explodindo em paixão.
Sempre pedia aos céus uma nova oportunidade de convivência com Maria.
Queria ajudá-la, amá-la e sentia que poderia ser amado como desejava.
Após muito tempo, a sonhada oportunidade chegou.
João foi chamado a uma nova reencarnação para uma missão de coordenar um mundo mais evoluído e implantar a felicidade geral.
Uma missão onde todos deveriam trabalhar no bem comum; onde os mais adiantados se dedicavam aos mais necessitados.
João ficou feliz, ainda mais ao saber que conviveria com Maria.
Ergueu os braços para o alto, agradeceu profundamente, chorou de emoção e alegria, fechou os olhos e nasceu de novo...
João e Maria reencarnaram no planeta Sibis SK1001 onde seus habitantes tinham passado por muito sofrimento. Mas agora já era um planeta mais evoluído, mais feliz.
Maria vivia bem num mundo lindo e organizado. Tudo estava em harmonia e ela trabalhava com dedicação em sua missão.
Certo dia caminhava admirando a natureza e de repente ouviu uma voz suave: - Que bela paisagem! Era a voz do governador geral do planeta. Seus olhares se entrelaçaram como se fossem um só. Era João.


“Agora eu era o rei,
Era o bedel e era também juiz
E pela minha lei a gente era obrigada a ser feliz
E você era a princesa que eu fiz coroar
E era tão linda de se admirar
Que andava nua pelo meu país...”


Parte III  - Incertezas
Agora João estava muito feliz tendo a amada ao seu lado e a cada dia o seu amor crescia.
Mas estava agoniado e sentia um frio melancólico: medo de perder Maria.
Não conseguia entender o porquê e a amava com todas as suas forças.
Os dois se dedicavam ao trabalho com amor para manter o equilíbrio e o bem estar de todos.
João não se importava com as dificuldades e apenas queria viver ao lado de Maria.
Maria, por sua vez, continuava trabalhando bastante acompanhando João, compartilhando a sua bondade e sabedoria.
Ela, porém, não era tão feliz como ele.
Embora se esforçasse, sentia necessidade de evoluir mais rápido para ficar mais próxima de João.
Sempre pedia aos céus uma nova chance de galgar grandes avanços para compartilhar o verdadeiro amor de João.


“Não, não fuja não
Finja que agora eu era o seu brinquedo
Eu era o seu pião, o seu bicho preferido
Vem, me dê a mão, a gente agora já não tinha medo
No tempo da maldade acho que a gente nem tinha nascido...”


Parte IV - A Separação e a continuidade rumo à felicidade eterna...
O tempo passava e, Deus em sua bondade infinita, concedeu uma nova oportunidade à Maria. A hora finalmente chegou...
Maria foi chamada e embora estivesse muito triste diante de uma nova separação temporária de João, aos prantos ergueu os braços para o alto e uma corrente de luz a iluminou.
-Quero também construir a vida no universo da mesma forma que meu amado João. Passarei também por muito sofrimento, mas vencerei, assim é meu desejo.
E assim se fez.
E o céu agradeceu.
E João e Maria prosseguiram suas vidas em busca da felicidade eterna, tal como define a Lei de Divina...


“Agora era fatal que o faz-de-conta terminasse assim
Para lá desse quintal era uma noite que não tem mais fim
Pois você sumiu no mundo sem me avisar
E agora eu era um louco a perguntar
O que é que a vida vai fazer de mim...”